um poema

Pulsação

Passar pelo tempo no pulso.

Pulsar um percurso,

Um tempo de esperas atentas,

Um tempo de culto.

Tudo são trocas, tudo

São trocas e tudo são deuses

E todo o impulso do sangue

É o pulso do sangue a passar é

A fome das coisas que dançam.

Lembro-me de olhar em volta

E lembrar-me vê dentro das sombras

Vê ventres nas coisas.

Vê:

Células e ritmos e palavras

E uma certa transparência

Sempre, ou um cantar de opacidade.

Não sei se a voz é o sangue das palavras,

Nem quando, se corre, sou eu,

Mas sinto.

É tudo enorme, padrão de coisas infinitas,

E uma pulsação partilha:

Pul-Sa-Ção:

Coisa cósmica reverberante.

Exuberância astuta:

O riso entre as palavras.