E é essa cena do gozo.
Quer dizer, quem se lembra do último dia que passou sem ver uma imagem fotográfica? Ou de a fazer? E quantas dessas imagens deram gozo, consegue imaginar? Gozo quer dizer não menos que arrepios na espinha; quer dizer que, por momentos, não houve mais nada, só a imagem.
Ontem, estava a ouvir uma entrevista com Wolgang Tillmans em que ele diz que o que está à frente da câmara pode facilmente enganar, mas o que está atrás dificilmente o faz ( http://www.youtube.com/watch?v=XhDUbEt-pGg )...
É uma perspectiva interessante, e acaba por colocar a questão onde deve, no facto de a fotografia ser apenas um mecanismo que exterioriza o pensamento e a intenção do seu autor.
O tempo que olhar passa a ditar definições às coisas... às vezes, esquecemo-nos de que os produtos que criamos são apenas reflexos da forma como percebemos o que nos rodeia.
De volta ao gozo. As imagens ficam sempre fora. É giro fazê-las, mas o gozo não é isso. O gozo é quando, através delas, chegamos a nós; é quando, à força de trabalhar com o que está atrás da câmara, o que está à frente nos desvela e abre perspectivas de nós mesmos que lá não estavam antes.
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