sábado, 25 de abril de 2015

26 de Abril

26 de Abril
Festejemos. Não, festejemos, não. Já não se trata de festejar. Vamos tornar isto simples:
26 de Abril é o dia em que acordamos, ainda meio de ressaca, e percebemos que a cena começa aqui.
E agora?
E agora, pensar que todos os dias vamos acordar com esta pergunta, E agora, e quando, porventura, chegar o dia em que esquecermos a pergunta, teremos de recuar três dias.
Enquanto andarmos todos à procura de respostas certas há-de haver sempre alguém que julga tê-las, enquanto as mãos forem martelos e não pontes de interrogação.
Pontes de interrogação. Acordar de manhã em cada dia 26 do seu espanto e ser essa ponte de interrogação com o mundo: Em que é que o meu estar aqui pode ligar com tudo?
Como é que a minha mão estendida pode apoiar o teu sonho?
O que fazer quando o poder da mão estendida se abrir de todas as mãos para todos os sonhos?
A imagem do punho cerrado nunca me convenceu. Não pode dar nem receber.
Podemos talvez passar o dia 25 em silêncio. Olhar para as coisas sem ditar as respostas que decorámos para a escola. As coisas decoradas lembram-me sempre aqueles instantes depois de apagar a luz em que parece que ainda estou a ver coisas, porque os olhos ainda não se habituaram à escuridão, é preciso deixar acalmar os nervos. Ou como os músculos fatigados que já não conseguem descontrair. E depois, saímos à rua a gritar em espasmos como se isso não fosse uma prisão tremenda. Não. Desta vez, podemos passar o dia a ouvir.
Não seria essa uma revolução maior?

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